Equipa: Margarida Calafate Ribeiro

Margarida Calafate Ribeiro

Investigadora Principal
Margarida Calafate Ribeiro é doutorada pelo King´s College, Universidade de Londres. É investigadora-coordenadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e co-responsável pela Cátedra Eduardo Lourenço da Universidade de Bolonha/ Camões, com Roberto Vecchi. É professora e co-coordenadora do programa de doutoramento “Pós-Colonialismos e Cidadania Global” (CES/ FEUC). Coordenou 13 projetos de investigação internacionais e em 2015 recebeu uma Consolidator Grant do Conselho Europeu de Investigação, com o projeto MEMOIRS - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias. É atualmente PI do projeto MAPS Pós-memórias Europeias, uma Cartografia Pós-colonial (FCT, 2021-2023). Os seus interesses de investigação reúnem memória e pós-memória do colonialismo e do império, identidades, pós-colonialismo, mulheres e guerras e representações literárias e artísticas.

Das suas diversas publicações destaca-se Uma História de Regressos: Império, Guerra Colonial e Pós-colonialismo (2004) e África no feminino: mulheres portuguesas e Guerra Colonial e a co-organização de Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial (2011) com Roberto Vecchi, Geometrias da Memória: Configurações Pós-Coloniais (2016) com António Sousa Ribeiro, Memória, Cidade e Literatura (2019) com Francisco Noa e Heranças Pós-Coloniais nas Literaturas de Língua Portuguesa (2019) com Phillip Rothwell. Os seus mais recentes livros são:  Des-cobrir a Europa – filhos de impérios e pós-memórias europeias (2022) foi escrito com Fátima da Cruz Rodrigues e está disponível também em francês (Enfants d'empires coloniaux et postmémoires européennes); Eduardo Lourenço - uma geopolítica do pensamento,  escrito com Roberto Vecchi.

 

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2022

Uma história de regressos: império, Guerra Colonial e pós-colonialismo

2004 | Porto: Afrontamento "Este livro propõe uma leitura da relação simbólica de Portugal com o império africano, a partir de uma análise detalhada de textos literários e políticos do século XIX e XX, em que se exploram:
- os conceitos de identidade, imagem e império no imaginário político e literário português
- a nostalgia pelo império e o longo epitáfio por uma nação imperial na literatura escrita durante o Estado Novo
- a continuidade, ruptura e transformação da ideia de império nas narrativas portuguesas da Guerra Colonial, publicadas no pós 25 de Abril de 1974. São lidas com particular destaque obras de António Lobo Antunes, João de Melo, Manuel Alegre e Lídia Jorge.
Para além do diálogo com o conceito de «imaginação do centro» adaptado a partir de Boaventura de Sousa Santos e do pensamento de Eduardo Lourenço relativo à identidade portuguesa, importa referir dois campos de pensamento fundamentais para esta abordagem numa aplicação específica ao caso português. Em primeiro lugar, a adaptação do conceito clássico de translatio imperii e em segundo o que genericamente temos vindo a designar por estudos pós-coloniais. Da conjugação destas ideias nasce o conceito condutor deste livro - «o império como imaginação do centro»."

África no feminino: as mulheres portuguesas e a Guerra Colonial

"África no Feminino aborda a vivência e a memória da Guerra Colonial (1961-1974) a partir da perspectiva das mulheres portuguesas que acompanharam os seus maridos nas três frentes de guerra. Nasceu do meu espanto sobre o registo apenas ficcional do rosto destas mulheres, e da generosidade das mulheres que entrevistei quando um dia lhes bati à porta e lhes disse: "Sei que esteve em África. Quer contar"? Através do estudo inicial sobre a presença destas mulheres em África e sobretudo dos testemunhos obtidos, o livro revela outros olhares sobre a guerra, outras razões da guerra, outras vivências do pós-guerra e, naturalmente, outras memórias. Nas suas diferenças e no seu conjunto, os testemunhos recolhidos colocam as mulheres como sujeitos históricos desta guerra e veiculam uma ética de reconhecimento e de responsabilidade solidária capaz de contribuir para gerar uma memória cultural colectiva da Guerra Colonial."

Geometrias da Memória: configurações pós-coloniais António Sousa Ribeiro | Margarida Calafate Ribeiro (org.)

Geometrias da Memória: configurações pós-coloniais reúne um conjunto de ensaios que, partindo de perspetivas diversas e situando-se no cruzamento de diferentes áreas disciplinares, aborda temas relevantes para uma análise do modo como constelações do passado, nomeadamente do passado colonial, se projetam no presente de um modo que, em aspetos decisivos, condiciona esse presente: na forma de conceber a relação com o outro, na arquitetura das relações de poder, na persistência de formas de violência, nas dinâmicas através das quais o campo político e cultural procura construir uma reflexão virada para a construção de um futuro que não constitua uma repetição do passado. Comum a todas as abordagens é a perspetiva do contemporâneo: os diferentes contextos históricos e os diferentes casos analisados foram escolhidos a partir da sua relevância para um presente concebido, não como simples atualidade, mas sim como um tempo denso atravessado por tensões que só são compreensíveis do ponto de vista da longa duração histórica.

Antologia da memória poética da Guerra Colonial

"A Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial reúne perto de 350 poemas escritos sobre a Guerra Colonial. A par de um conjunto de poetas consagrados que vivenciaram a Guerra Colonial ou se inspiraram no tema, a obra mostra um grande número de autores que tinham os seus poemas dispersos pela imprensa regional, revistas, publicações militares ou nas pouco divulgadas edições de autor. A antologia destaca ainda a existência de um número significativo de mulheres que escreveram sobre este assunto. Para além dos macro-temas-imagens tradicionais da cartografia de uma poesia de guerra ocidental e que esta antologia também contempla - Partidas e Regressos, Quotidianos, Morte, Memória da Guerra, Pensar a Guerra, Cancioneiro - desenham-se dois tópicos mais específicos desta guerra: Contar a Guerra e o Dever da Guerra. A finalizar apenas dois poemas na secção Ainda que assinalam a permanência da guerra em nós. Pontuando estas divisões, e dialogando profundamente com a dor comum que percorre todos os poemas, um outro "texto": as fotografias de Manuel Botelho extraídas do seu trabalho sobre a Guerra Colonial ?Confidencial e Desclassificado?, da série "Ração de Combate"."

Atlântico periferico: il postcolonialismo portoghese e il sistema mondiale

Atlântico Periférico analisa o caso português a partir de um horizonte de resistência global contra-hegemónica oposta à globalização neoliberal. O ensaio demonstra que é possível pensar o mundo a partir de Portugal e da sua condição pioneira de universalismo precoce, que o tornou um dos primeiros atores europeus no contexto global. Desta experiência de Portugal no sistema-mundo, dos restos e rastos surge um outro pensamento crítico que permite a possibilidade de imaginação de um mundo novo e diferente.

Fantasmas e fantasias imperiais no imaginário português contemporâneo

"Fantasmas e Fantasias Imperiais no Imaginário Português Contemporâneo reúne um conjunto interdisciplinar de textos que reflecte uma tentativa de pensar o imaginário pós-colonial no contexto português que, naturalmente, não ignora muitas das ideias lançadas pelos estudos pós-coloniais, de raiz marcadamente anglo-saxónica, mas que deles se demarca pela especificidade imperial portuguesa.
Com textos de Eduardo Lourenço, António Sousa Ribeiro, Jo Labanyi, Francisco Bethencourt, Maria Manuel Lisboa, Luís de Sousa Rebelo, Paulo de Medeiros, David Brookshaw, Hilary Owen, Phillip Rothwell, Roberto Vecchi, David Jackson, Cristiana Bastos e AbdoolKarim Vakil, este livro pretende ser uma contribuição para esta reflexão, a partir da análise de discursos literários, artísticos, historiográficos e ensaísticos que, ao longo do século XX e, em particular, no período do pós-25 de Abril, se fazem enformar por fantasias e fantasmas insepultos do império."

Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo Margarida Calafate Ribeiro | Francisco Noa (orgs.)

"Todas as cidades têm a sua história. Também assim Luanda e Maputo. Luanda situada na costa atlântica, de influência arquitetónica e urbanística luso-brasileira; Maputo, situada à beira Índico, goza de outras influências que combinam África, Portugal e Ásia. O mundo destas cidades é particularmente misturado: nelas entrelaçam-se pluralidades e diversidades que envolvem seres, imaginários, objetos, temporalidades e espacialidades. O arcaico convive com o moderno, o progresso com o atraso e todas as épocas expressam e reclamam atenção histórica - a era pré-colonial, a ocupação costeira, o colonialismo moderno, a independência, o pós-colonialismo, o pós-guerra e a atualidade."

Des-cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias

Des-cobrir a Europa - Filhos de Impérios e Pós-memórias Europeias revela-nos as memórias intergeracionais de filhos daqueles que viveram os dias finais do colonialismo e das lutas pela independência de territórios colonizados por Portugal, França e Bélgica. Neste arquivo de pós- memória, ecoam histórias de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Argélia e Congo, através das palavras de trinta e sete cidadãs e cidadãos europeus, cujas narrativas e reflexões interrogam esse passado, as suas sombras e os seus silêncios, mas também exprimem as suas alegrias e realizações, no presente europeu. A partir destes registos pessoais, podemos seguir os fios que ligam as relações coloniais de outrora aos fenómenos contemporâneos das migrações, da nostalgia, do racismo, da discriminação ou da hipocrisia política das relações entre as antigas metrópoles colonizadoras e as antigas colónias. Por isso, são abordadas questões como cidadania, pertença, herança, mas também reparação, restituição e denúncia, gerando uma dialética intergeracional complexa e nova que recusa a prossecução da retraumatização, ao mesmo tempo que rejeita as lógicas do esquecimento.

São olhares atentos a outros lados da história, necessariamente subjetivos e plenos de experiências alheias, geradoras de múltiplos laços afetivos, familiares e políticos, que contribuem para iluminar e compreender o presente europeu e as ligações entre Europa e África. A fechar, um texto do escritor português Paulo Faria, que nos desafia para novas constelações de memórias europeias e sugere outras interrogações.

Enfants d'Empires coloniaux et postmémoires européennes

Enfants d’Empires coloniaux et postmémoires européennes révèle les souvenirs intergénérationnels des enfants de ceux qui ont vécu les derniers jours du colonialisme et les luttes pour l'indépendance dans les territoires colonisés par la Belgique, la France et le Portugal. Dans ce recueil de postmémoires, des récits d’Algérie, du Congo, d'Angola, du Cap-Vert, de Guinée-Bissau, du Mozambique et de São Tomé-et-Príncipe résonnent à travers les mots de trente-sept citoyen(ne)s européen(ne)s, dont les histoires et les réflexions interrogent ce passé, ses ombres et ses silences, mais expriment aussi ses joies et ses accomplissements dans le présent européen. À partir de ces mémoires personnelles, nous pouvons tisser les fils qui associent les relations coloniales du passé aux phénomènes contemporains de migrations, de nostalgie, de racisme, de discrimination ou d'hypocrisie politique des relations entre les anciennes métropoles colonisatrices et les anciennes colonies. Dès lors, des questions telles que la citoyenneté, l'appartenance, l'héritage, mais aussi la réparation, la restitution et la dénonciation sont abordées, produisant une dialectique intergénérationnelle complexe et nouvelle qui refuse de poursuivre la retraumatisation, tout en rejetant les logiques de l'oubli. Ce sont des regards attentifs sur d'autres versants de l'histoire, forcément subjectifs et riches du vécu des autres, générateurs de multiples liens affectifs, familiaux et politiques, qui contribuent à éclairer et à comprendre le présent européen et les liens entre l'Europe et l'Afrique.
Pour finir, un texte de l'écrivain portugais Paulo Faria nous interpelle vers de nouvelles constellations de mémoires européennes et suggère d'autres questions.

Outras Publicações

 

2020 - "Uma história depois dos regressos: a Europa e os fantasmas pós-coloniais" in Confluenze, Rivista di Studi Iberoamericani V. 12, N. 2, p. 74-95.

 

2020 - "A marcha obscura da história: 'a França em questão ou o fim da liberdade como boa consciência'" in IBEROGRAFIAS, Revista de Estudos Ibéricos, V. 16, n. 2, p. 389?398.

 

2020 - "Viagens no contemporâneo - pós-colonialismo, cosmopolitismo e programação" in Viagem, alteridade e tradução cultural , Mulemba, Rio de Janeiro: UFRJ, V. 12, n. 22, p. 127?147.

 

2020 - "Arte e Pós-Memória - Fragmentos, Fantasmas, Fantasias" in DIACRÍTICA, Revista do Centro de Estudos Humanísticos, V. 34,  n. 2, p. 4?20.

 

2020 - "La restitution des œuvres d'art : un pas décisif dans le processus de décolonisation" in Memoires en Jeu (junho), Paris: Éditions Kimé (com António Pinto Ribeiro).

 

2019 - "La guerre coloniale portugaise et les générations suivantes: héritages et interrogations" in Mémoires en Jeu, N.10, Winter, p. 123-128.

 

2019 - "Viagens na Minha Terra de "outros" ocidentais" in Margarida Calafate Ribeiro e Phillip Rothwell (org.), Heranças Pós-Coloniais nas literaturas em língua portuguesa,Porto: Afrontamento, p. 291-307..

 

2019 - "Os mapas das cidades e as letras que as escrevem - de Luanda e de Maputo" in Margarida Calafate Ribeiro e Francisco Noa (org.), Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo, Porto: Afrontamento, p. 37-61.

 

2018 - "Inequalities, in other words - literary portrayls of the cities of Luanda and Maputo" in Francisco Bethencourt (ed. by), Social Inequality in the Portuguese-Speaking World - Global and Historical PerspectivesSussex: Sussex Academic Press.