Equipa: António Pinto Ribeiro

António Pinto Ribeiro

Investigador | Programador Cultural
António Pinto Ribeiro é investigador colaborador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Foi diretor artístico e curador responsável em várias instituições culturais portuguesas, nomeadamente da Culturgest e da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi comissário geral de "Passado e Presente - Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura 2017". Os seus principais interesses de investigação desenvolvem-se na área da arte contemporânea, especificamente africanas e sul-americanas. Das suas publicações destacam-se: os seus últimos livros de autor Peut-on Décoloniser les Musées? (2019), África os quatro rios - A representação de África através da literatura de viagens europeia e norteamericana (2017) e a organização dos dois volumes O Desejo de Viver em Comum (2018) no âmbito das conferências da Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura 2017. O seu novo livro é Novo Mundo - Arte Contemporânea no Tempo da Pós-Memória (2021). Foi o curador principal da exposição internacional Europa Oxalá, com Aimé Mpane e Katia Kameli (Mucem, Marselha, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, AfricaMuseum, Tervuren, Bélgica, 2021-2023). Curadoria do Ciclo de cinema e video El Dorado, Fundación Proa, Buenos Aires, 2023. Curadoria da exposição individual de Bela Duarte, As Cores Incendiárias, CNAD - Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design, Cabo Verde, 2024.

 

apribeiro@ces.uc.pt     CES PROFILE

2022

O Desejo de Viver em Comum - Volume 1

Em 2017, a cidade de Lisboa foi a Capital Ibero-Americana de Cultura, uma iniciativa cultural de programação intensa e diversa, que incluiu um importante ciclo de conferências protagonizado por personalidades de relevo dos países envolvidos. Estes livros são o resultado desse ciclo de conferências. «Não é de todo possível fazer uma síntese da América Latina, conceito que tem pouco mais de 150 anos, ou sequer do iberoamericanismo, conceito ainda mais ambíguo, nem essa foi alguma vez uma ilusão da programação de Passado e Presente - Lisboa, Capital Iberoamericana de Cultura 2017. O que se ensaia fazer é dar a ver e ouvir as falas das Américas, as suas múltiplas e diversas falas. Não só as que dizem respeito ao mundo tal como ele é olhado do lado de lá - enquadradas pelas novas narrativas que, com argumentos sólidos, se iniciaram na década de 1970 e que continuam hoje, com os contributos de intérpretes da diáspora latinoamericana ?, mas também as falas e os contributos de europeus atentos à necessidade de olhar de novo a expansão, o colonial, e de encontrar novas fontes documentais, não para proceder a uma síntese, à fabricação de uma história única, mas sim para desocultar o que precisa de ser desocultado.»

O Desejo de Viver em Comum - Volume 2

Em 2017, a cidade de Lisboa foi a Capital Ibero-Americana de Cultura, uma iniciativa cultural de programação intensa e diversa, que incluiu um importante ciclo de conferências protagonizado por personalidades de relevo dos países envolvidos. Estes livros são o resultado desse ciclo de conferências. «Não é de todo possível fazer uma síntese da América Latina, conceito que tem pouco mais de 150 anos, ou sequer do iberoamericanismo, conceito ainda mais ambíguo, nem essa foi alguma vez uma ilusão da programação de Passado e Presente - Lisboa, Capital Iberoamericana de Cultura 2017. O que se ensaia fazer é dar a ver e ouvir as falas das Américas, as suas múltiplas e diversas falas. Não só as que dizem respeito ao mundo tal como ele é olhado do lado de lá  enquadradas pelas novas narrativas que, com argumentos sólidos, se iniciaram na década de 1970 e que continuam hoje, com os contributos de intérpretes da diáspora latinoamericana -, mas também as falas e os contributos de europeus atentos à necessidade de olhar de novo a expansão, o colonial, e de encontrar novas fontes documentais, não para proceder a uma síntese, à fabricação de uma história única, mas sim para desocultar o que precisa de ser desocultado.»

África, os quatro rios

"1958-2002 evoca quatro grandes rios africanos - o Níger, o Zambeze, o Nilo e o Congo - para a partir deles nos oferecer uma reflexão sobre as representações de África registadas na literatura de viagens do Ocidente. Considerando, num primeiro momento, um conjunto de textos de viajantes dos séculos XVIII e XIX, posteriormente o autor concentra-se na análise de três de autores europeus e um de um autor americano, cujos percursos decalcaram rotas ao longo dos grandes rios africanos referidos: Ébano.
Febre Africana, de Ryszard Kapuscinski, Aventuras em África, de Gianni Celati, Baía dos Tigres, de Pedro Rosa Mendes e Viagem por África, uma viagem por via terrestre entre o Cairo e a cidade do Cabo, de Paul Theroux. As viagens que enformam estas obras foram realizadas depois de 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, em que assistimos à passagem de uma África colonizada para uma África independente e pós-colonial.
Quem são estes viajantes escritores? Que subjectividades, preconceitos e continuidades ou rupturas existem nestes modos de narrar África? Que passados são geridos e reescritos? Que relação entre África e Europa é aqui re-apresentada? E que futuros são gerados por estas narrativas?"

A urgência da teoria

Este livro é uma compilação de textos que resulta das conferências proferidas no Fórum 'O Estado do Mundo' (Gulbenkian, 2007). António Pinto Ribeiro abre a leitura teórica da obra com "A Urgência da Teoria: Conclusões", seguindo-se o texto da conferência inaugural realizada por Homi K. Bhabha e treze "Grandes Lições" do ciclo 'A Urgência da Teoria.

Próximo Futuro/ Next Future

Este jornal é uma publicação do Programa Gulbenkian Próximo Futuro/ Next Future (2009-2015), do qual António Pinto Ribeiro foi programador e para o qual contribuiu com inúmeros textos especializados sobre arte contemporânea e os seus entroncamentos e fusões com os contextos políticos e sociais, destacando-se temas sobre as questões de identidades pós-coloniais.

Réplica e rebeldia: Artistas Plásticos de Moçambique, Angola, Cabo Verde e Brasil

Exposição de arte contemporânea inaugurada em 2006, organizada pelo Instituto Camões com a parceria do Museu Nacional de Arte de Maputo, do Museu de Arte Moderna da Baía, do Museu de Antropologia de Angola, do Palácio das Artes de Cabo Verde, do Centro Cultural do Banco do Brasil em Brasília e comissariada por António Pinto Ribeiro. Um dos intuitos da exposição foi dar visibilidade a 30 artistas destes países, contando-se um total de 76 obras. A seleção de obras comportou uma diversidade de universos e realidades artísticas do contexto contemporâneo e as suas ligações históricas e políticas. Acompanhando a exposição produziu-se um catálogo que contém as primeiras narrativas das artes plásticas de artistas negros dos PALOP. A exposição esteve presente em vários países.

Peut-on Décoloniser les Musées?

"A partir dos anos 60, o "déseurocentrismo" da produção do conhecimento e a revisão dos cânones e das epistemologias iniciadas com os Estudos Culturais a que se sucederam vários estudos do pós-colonialismo e de género, provocaram  uma revolução comparável à revolução copernicana. É nesse contexto que a epistemologia e a museografia se deslocaram para compreender que os museus, não são apenas colecções, mas dispositivos narrativos, confrontados na sua condição de terem que ser pós-coloniais. Essa situação  obriga-nos a revisitar as narrativas e, no mínimo, a incorporar tensões entre histórias antigas e novas e a reflectir sobre como essas colecções e arquivos chegaram aos museus europeus e norte-americanos e, finalmente, a redefinir o conceito de museu à luz do "pan-africanismo" e do "pensamento ameríndio"."

¿PODEMOS DESCOLONIZAR LOS MUSEOS?

"A partir dos anos 60, o "déseurocentrismo" da produção do conhecimento e a revisão dos cânones e das epistemologias iniciadas com os Estudos Culturais a que se sucederam vários estudos do pós-colonialismo e de género, provocaram  uma revolução comparável à revolução copernicana. É nesse contexto que a epistemologia e a museografia se deslocaram para compreender que os museus, não são apenas colecções, mas dispositivos narrativos, confrontados na sua condição de terem que ser pós-coloniais. Essa situação  obriga-nos a revisitar as narrativas e, no mínimo, a incorporar tensões entre histórias antigas e novas e a reflectir sobre como essas colecções e arquivos chegaram aos museus europeus e norte-americanos e, finalmente, a redefinir o conceito de museu à luz do "pan-africanismo" e do "pensamento ameríndio"."

Novo Mundo - Arte Contemporânea no Tempo da Pós-Memória

Novo Mundo - Arte Contemporânea no Tempo da Pós-Memória (2021) é um livro sobre obras e sobre artistas que praticam diversas linguagens e géneros artísticos - do cinema à música, das artes visuais ao teatro, à dança e à fotografia. Têm em comum memórias que lhes foram transmitidas pelos pais e avós de origem africana, memórias diferidas e apropriadas segundo cada um e que, hoje, constituem parte da matéria das suas obras. São por isto designados artistas na condição de pós-memória. Atualmente abrangem duas gerações de artistas que protagonizam muito do que é pertinente, ousado, expressivo e crítico nas artes europeias contemporâneas.
Pela natureza das suas obras, estes artistas são portadores de um presente tão inovador quanto urgente e a sua presença transnacional e transterritorial transporta consigo uma energia combativa face às heranças do colonialismo e ao racismo, a par de clamarem pela urgência de descolonização dos cânones e pela necessidade de uma re-escrita das histórias de África e da Europa, e não só da História de Arte.

Outras Publicações

 

2020- "Richard Burton, voyageur et « constructeur » colonial », Reflexos, N° 005, Savoirs en circulation dans l?espace atlantique entre les XVIe et XIXe siècles.

 

2020 - "La restitution des ?uvres d'art : un pas décisif dans le processus de décolonisation" in Memoires en Jeu (junho), Paris: Éditions Kimé (com Margarida Calafate Ribeiro).

 

2020 - "Uma outra necessidade cultural. O contacto com o luxo" in José Soares Neves e Clara Frayão Camacho (org.), Nos 50 anos de L'Amour de L'Art, Dívidas, Críticas e Desafios, Edit Mundos Sociais, p. 11-17.

 

2019 - "Olhar a energia das cidades" in Margarida Calafate Ribeiro e Francisco Noa (org.), Memória, Cidade e Literatura: De São Paulo de Assunção de Loanda a Luuanda, de Lourenço Marques a Maputo, Porto: Afrontamento, p. 215-216.

 

2019 - "Negro por fora, vermelho por dentro - o Teatro Griot" in Margarida Calafate Ribeiro e Phillip Rothwell (org.), Heranças Pós-Coloniais nas literaturas em língua portuguesa, Porto: Afrontamento, p. 335-348.


2018 - "Para acabar de vez com a lusofonia", Lusotopie, 17(2), p. 220?226.

 

2016 - "Podemos descolonizar os museus?" in António Sousa Ribeiro e Margarida Calafate Ribeiro (org.), Geometrias da memória: configurações pós-coloniais, Porto: Afrontamento, p. 95?111.