Projetos: Como surge?

Como surge?


Reimaginar a Europa resulta da investigação realizada no âmbito do projeto Memoirs – Filhos de império pós-memórias europeias (ERC) e continuada no projeto Maps – Pós-memórias europeias – uma cartografia pós-colonial (FCT) que analisaram as memórias coloniais herdadas pelos filhos e netos da geração que viveu os processos de descolonização de territórios dominados por Portugal, França e Bélgica no continente africano – Congo, Argélia, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. 

 

Trata-se de um conjunto de pessoas muito diverso – filhos de retornados, de pied noir, de repatriados, de ex-combatentes das guerras coloniais, de ex-colonizadores, de ex-colonizados – mas que tem uma herança comum: viram as vidas dos seus familiares atravessadas por um momento da história marcante pela revolução que introduziu nas suas vidas, na configuração dos seus países e das suas identidades e sobre a qual produzem hoje as mais diversas narrativas. A partir de entrevistas e da análise comparada de produções artísticas em Portugal, França e Bélgica examinamos a presença destas memórias mediadas, dos seus silêncios, e das suas interrogações, seja na experiência quotidiana, seja através das diversas narrativas que têm vindo a surgir sobretudo a partir dos anos 2000, nos campos da literatura, cinema, música, artes performativas e artes visuais. As histórias pessoais e obras artísticas analisadas estão na vanguarda do debate pós-colonial europeu e estão a definir novas formas de uma cidadania europeia pós-nacional que nos convidam a repensar o património da memória colonial como uma parte fundamental da identidade europeia e a reimaginar a Europa.