Equipa: Vítor Belanciano

Vítor Belanciano

Colaborador
 
Vítor Belanciano. Jornalista cultural, crítico de música e cronista. Está no jornal Público há mais de vinte anos. Tem formação em antropologia e sociologia. Viveu parte da infância em Niza, cresceu no Barreiro, vive em Lisboa, sente-se do Alentejo. Foi sendo, ao longo dos anos, ator, DJ, cientista social ou professor. Tem estado mais no jornalismo, mas não pratica imparcialidade e neutralidade. Acredita, isso sim, em escolhas, no rigor, na transparência, em expor pluralidade, na análise, no questionamento e na possibilidade, através da cultura, de misturar assuntos, atravessar linguagens, seja política, economia, sociedade, música, arte e ideias. É daí que nasce Não Dá Para Ficar Parado, onde tanto é observador distanciado como ator ciente. A música é o ponto de partida. Mas só o é porque inclui tudo o resto. 
2022

Não dá para ficar parado. Música afro-portuguesa - celebração, conflito e esperança

Todos o sabemos. Existiu uma descolonização política em Portugal. Mas a descolonização de mentalidades continua por efetuar. Uma das formas de o refletir e questionar é através da música popular. Se existiu território onde tanto as conflitualidades, como as ambiguidades, ou as potencialidades, do pós-colonialismo, se refletiram foi esse. Valoriza-se a riqueza da mistura, até enquanto forma de afirmação para a Europa, mas também se perpetuam cronologias de tensão. O que não significa que a música não seja um fascinante lugar de experimentação social, gerador de visibilidades, incentivando discursos que abarcam urgências diversas. Esta é uma história construída por inúmeros atores das segundas e terceiras gerações afrodescendentes, de General D aos Buraka Som Sistema, de Batida a DJ Marfox ou Dino d' Santiago, que nas duas últimas décadas foram capazes de desarrumar certezas, transportando novas experiências, praticando música para dançar, pensar e agir. Não dá para ficar parado.