Todos o sabemos. Existiu uma descolonização política em Portugal. Mas a descolonização de mentalidades continua por efetuar. Uma das formas de o refletir e questionar é através da música popular. Se existiu território onde tanto as conflitualidades, como as ambiguidades, ou as potencialidades, do pós-colonialismo, se refletiram foi esse. Valoriza-se a riqueza da mistura, até enquanto forma de afirmação para a Europa, mas também se perpetuam cronologias de tensão. O que não significa que a música não seja um fascinante lugar de experimentação social, gerador de visibilidades, incentivando discursos que abarcam urgências diversas. Esta é uma história construída por inúmeros atores das segundas e terceiras gerações afrodescendentes, de General D aos Buraka Som Sistema, de Batida a DJ Marfox ou Dino d' Santiago, que nas duas últimas décadas foram capazes de desarrumar certezas, transportando novas experiências, praticando música para dançar, pensar e agir. Não dá para ficar parado.